Sunday, December 24, 2006

Uma canção de Natal

Após uma bela ceia de Natal (jantar, pela hora a que se deu), sob o efeito de boa comida, vinho alentejano e vodka moscovita, lembrei-me, a propósito desta linda quadra, de um poema ou, antes, versão de canção de Natal escrita pelo defunto Rui (não me recordo do apelido), estudante de Informática da FCUL que, tendo embora algum talento, sofria de uma paixão quase doentia por armas de fogo, a qual acabou por lhe custar a vida numa sessão de «roleta russa» consigo próprio numa sala da Associação de estudantes da FCUL em 2002... Pelo menos, penso que o autor é ele, estava no Improp (órgão da AE). É uma cantiga natalícia cantada pelos duendes ao serviço do Pai Natal:

Ho, ho, ho, fu**ing ho,
What a crop of sh*t!
We all work for Santa Claus,
We've had enough, we quit!

We get all the work
While he stares at the snow.
Stick your Christmas up your a*s,
Ho, ho, ho, fu**ing ho!

Os asteriscos são para não haver censura, pelo sim, pelo não. Ele não os tinha.

Wednesday, December 20, 2006

A minha árvore



Cá em casa já montámos a nossa árvore de Natal. Como é costume na Rússia, trata-se de um «abeto-do-norte», Picea abies. Pica mais do que os pinheiros, mas o aspecto, o aroma, tudo é diferente.

Histórias do pessoal de letras

Acho que toda a gente devia aprender a falar e escrever correctamente na sua língua-mãe, no caso de portugal, o português de Portugal. Acho mesmo que deveria ser uma das disciplinas escolares a que se desse mais ênfase e que, mesmo nos exames de outras disciplinas, na escola e nas faculdades, o português devia ser avaliado.

Mas também penso o mesmo de algumas disciplinas «técnicas». A matemática é uma delas. Trata-se da base do raciocínio lógico que falta a tanta gente! Ensiná-la mais e, sobretudo, melhor! Outras matérias que deviam fazer parte da cultura geral são, inevitavelmente, a química e a física (ter uma ideia de que é feito e como funciona este mundo) e a biologia (a vida, pá, todos fazemos parte dela!).

Senão, acontecem coisas destas. O meu padrasto muito chocado, quando lhe disse que, depois de se abrir um leite pasteurizado, já havia bactérias lá dentro. Há uns tempos a minha irmã, com uns 16 anos, a descobrir que um frango (guisado) só tinha 2 pernas, e não 4 (ok, aprender a cozinhar também teria ajudado). Finalmente, a mesma um destes dias a chamar-me em pânico para expulsar um bicho do quarto dela: «pá, é uma aranha, mas voa!» (wow).

Nós também tentamos falar e escrever correctamente, pá... Cultura geral, amigos, aprendam alguma coisa...

Sunday, December 17, 2006

Manias psicótico-depressivas

Várias manias tem este simpático povo que é o português. Mania de deixar tudo para a última da hora, mania do desenrasca, mania de só visitar sítios célebres por alguma confecção da gastronomia local, mania de se meter na vida dos outros... tantas, enfim! E também a mania das depressões. O que é muito curioso. Os próprios portugueses costumam ter a mania (aí está) de que nos países nórdicos, ai, lá o clima é tão frio, o sol é tão pouco, eles lá devem andar sempre todos deprimidos, já nós não, nós cá somos gente alegre... No entanto, de todas as pessoas que conheci melhor cá em Portugal uns 70% devem ter alguma tendência para ficarem «deprimidos». Quer dizer... gostam de pensar (e sobretudo, dizer!) que têm depressões, isso sempre que algum problema lhes aparece.

Ora! Se temos um problema, é normal ficarmos furiosos, cansados, frustrados, fartos de tudo, até é normal ficarmos temporariamente desesperados até o cérebro reagir, agora, depressões não são normais. As verdadeiras são sintoma de doenças. As outras, as mais banais, aquelas dos 70%, essas são simplesmente birras. Recusa de aceitar a realidade, de fazer alguma coisa para a mudar e de esperar que as coisas melhorem. Uma não-solução. E um doentio prazer masoquista de ficar deitado de papo para o ar em autocomiseração, não atendendo as chamadas para que a impressão de que ninguém gosta de nós fique mesmo convincente.

Irrita-me muito ouvir pessoas jovens, saudáveis, inteligentes, eruditas, comprovadamente competentes e rodeadas de amigos e família dizerem que estão deprimidas. Tentem não ir por esse caminho!

Sunday, December 03, 2006

O Resmunga - oléééé!

Fico espantado com o poder que o futebol tem sobre as nossas vidas. Entendam-me bem: não se trata do desporto futebol - aquele jogo de equipa com 11 jogadores de cada lado, um dos quais o guarda-redes, uma bola esférica que se joga só com os pés ou com a cabeça, a menos que o jogador seja um guarda-redes, e duas balizas em que se tenta meter a bola (o chamado golo, quando se trate da baliza adversária) e que são defendidas também pelos guarda-redes; e tembém tem um árbitro e blá, blá, blá... Pois, não é esse futebol. Estou mais a falar do jogo de troca de insultos e acusações de vários graus de falsidade entre: dirigentes, treinadores, claques e adeptos ordinários de clubes diferentes, onde se metem de vez em quando organismos desportivos nacionais e internacionais, normalmente do lado de um dos clubes, e que se tem tornado o verdadeiro desporto-rei do país.

O seu poder é verdadeiramente de pasmar: se apenas as pessoas de parcos recursos intelectuais e culturais (instrução: 4ª classe + 45 anos de conversas de tasca; ocupação: pequeno comerciante; entretenimento: bisca, sueca, dominó) se deixassem avassalar por aquela força, sentir-me-ia até muito contente por terem uma satisfação na vida, uma fonte de emoções que as premiasse de vez em quando com uma pequena vitoriazinha, enfim, algo que não as deixasse pensar, ao morrerem, que a vida passou em vão. O problema é que a dita cuja força não é exactamente uma caridade para os mentalmente pobres. O que verifico é que todos os estratos sociais sem excepção estão contaminados. Senão, vejamos: a única coisa que a maioria sabe ao certo sobre qualquer político de topo é o clube de futebol de que é adepto, não sem implicações para os resultados eleitorais - quer dizer que isso faz parte integrante da tão cuidada imagem de cada candidato. Vejo também pessoas com altos graus académicos, capazes de discutir longa e argutamente assuntos complexos dentro e fora da sua especialidade, de repente ficarem possuídas por ocasião de cada encontro Porting-Benvista que ocorre e começarem a vomitar baboseiras como quem comeu «Quinta das celebridades» em demasia ao jantar. Benfiquistas que afirmam que o cântico preferido dos do Sporting é «SLB, SLB... - filhos da puta, SLB!!!», sportinguistas que gostam de um certo monumento na cidade do Porto por ter um leão a dar uma coça a uma águia... todos a afirmarem em coro que o seu clube é sempre prejudicado, porque os árbitros estão todos comprados pelos outros... E o mais espantoso é que qualquer profesor catedrático fica, nessas ocasiões, totalmente indistinguível do Manel do talho. Só gostava mesmo de saber se existirá algures no país uma classe secreta que nos controla a todos através deste indiscutível vírus ou se toda a nação (quem sabe, o género humano) foi contaminada com ele por alguma civilização extraterrestre hostil. Fica a pergunta para os estudiosos!

Friday, December 01, 2006

Estreia. Apresentação

Uma espiral fechada é uma figura bem conhecida de quem, como eu, muitas vezes apanha os seus pensamentos a seguir trajectórias dessa geometria. Enfim, isso é quando o destino nos abençoa com uma inesperada oferta em forma de pensamento de qualquer espécie no meio da habitual existência subcartesiana.

Esse, o Descartes, é que estava bem... Pôs em causa o ser e provou-o com base na evidência do pensar. Então, e pôr em causa o pensar era muito à frente? «Je ne pense que des conneries, donc... duhhh...»